Os éons da eternidade

Em grego bíblico das igrejas antigas, a palavra éons faz referência aos longos períodos da evolução cultural da humanidade. Na continuidade, os éons da temporalidade são os laços que sustentam as relações do tempo com a eternidade. Como saltos quânticos, eles representam nossas mudanças de atitude perante nossa vida, necessárias a nos indicar como podemos evoluir em nossa espiritualidade.

Jürgen Moltmann

Nossa racionalidade se frustra toda vez que os cientistas tentam caracterizar a eternidade como fim dos tempos, justamente por ela não ser isto, pois sua característica principal é ser uma vivência espiritual, desde agora percebida como um salto quântico, um verdadeiro milagre de transformações em nossa vida.

Permanente em sua duração, a eternidade é um conceito virtual presente em todos os momentos temporais, sem deixar de torná-los acessíveis a todos afeitos às suas ressonâncias, não obtidas por nossos sentidos exteriores, mas sim por meio de uma experiência mística, desenvolvida através de uma introspecção dominante.

Através dos éons, torna-se possível em nós a percepção temporal da eternidade, que, por paradoxo, significa uma eternidade obtida desde já, em nossas condições mortais, desde que estejamos preparados previamente para aceitá-las. Dessa forma, quais seriam os veículos que nos permitirão sentir desde já seus efeitos ? Eis alguns:

  • Manter a vida na presença de Deus, compartilhando com Ele as ocorrências. Orar constantemente, em atitude consciente ou inconsciente.
  • Manter uma vida não ofensiva às pessoas.
  • Ter um comportamento de criança, sem preocupações
  • Não fugir de nossas obrigações e compromissos
  • Não temer coisa alguma, muito menos a morte

Oportunizar a ocorrência de prazeres, como boa alimentação e exercícios corporais. Dessa forma, desprezar os problemas deste mundo não significa fugir deles, mas sim participar, na medida das possibilidades pessoais, contribuindo para a sua solução. Como asseverou JÜRGEN MOLTMANN em seu livro Ciência e Sabedoria (Ed Loyola. SP, 1922, pg144): “A eternidade eônica da nova criação é, ao mesmo tempo, permeada pela beleza do descanso sabático eterno e de sua louvável alegria com a existência. Pois o tempo envelhece e apenas a eternidade permanece jovem”.