Espírito e arte

A arte é a manifestação mais bela de nossa espiritualidade. Presente em todas as nossas atividades, a arte representa a perfeição ínsita e virtual que se exige atingir, a demanda de uma superação necessária para que assim o Espírito possa se tornar manifesto. Dessa forma, em todas nossas atividades, os apelos de perfeição para que a beleza se manifeste é um requisito que nos desafia em nossos limites naturais.

Castro Alves

Mesmo assim, a genialidade que a espiritualidade nos oferece, é galardão a ser conquistado por todos quantos vierem receber o carisma de tais graças, destacando-os como detentores de um privilégio que é excepcional diante da maioria de nós. Não obstante, os dotes artísticos devem ser para nós como algo acessível, dado que eles estão presentes em toas as nossas profissões, do motorista, carpinteiro ou médico.

FRIEDRICH NIETSCHE considera a arte como um desvelamento, a ruptura de um véu que encobre a verdade de todas as coisas, que consiste em que o bem possa ser atingido, no momento em que o artista concebe a sua obra. A partir de então, é como se tornasse manifesto um propósito de manifestação em que a beleza se torna um bem, o encontro da estética com a ética.

Em resumo, no que consiste a arte? Ela consiste na criação de formas como manifestação de verdades que se encontram escondidas nas aparências, uma deformação que expressa o desejo de que tudo que fazemos deve expressar um bem, a perfeição virtual que está implícita em todas as nossas oportunidades de vida natural ou profissional. Dessa forma a arte alcança o desafio de que quaisquer que sejam nossas atividades, elas possam merecer o mérito de algo que foi bem feito.

Dessa forma, os gênios da arte devem merecer nossa admiração, como artistas que procuraram atingir a verdade além das aparências, postulantes de uma ficção ainda real em seus sonhos, mas cujo objetivo é revelar o drama que envolve a nossa realidade visível.

Dessa forma, CASTRO ALVES, em seu Navio Negreiro, expressa a violência escravocrata como denúncia contra qualquer forma de serviço alienante:

Era um sonho dantesco…o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar,

Tinir de ferros…estalar de açoites…

Legiões de homens negros como a noite,

Horrendos a dançar…