Espiritualidade ecumênica

A espiritualidade ecumênica representa o passo inicial para se conseguir a unidade universal de todos os crentes, conforme nos recomenda o Concílio Vaticano II. Por ser o Espírito o apelo comum de todos os seres humanos no sentido de alcançar as esferas transcendentes da realidade natural, Ele representaria o melhor instrumento de unificação das diferentes religiões. Suas propriedades de criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade são as características universais do Espírito em todos os seres humanos.

Papa João XXIII

Dessa forma, são estas as recomendações do Concílio: “Visto que hoje, em muitas partes do mundo, mediante o sopro da graça do Espírito Santo, pela oração, pela palavra e pela ação, se empreendem muitas tentativas daquela plenitude de unidade que Jesus Cristo quis, este Santo sínodo exorta os fiéis católicos a que, reconhecendo os sinais dos tempos, solicitamente participem do trabalho ecumênico”. Assim,, a entrada do crente no espírito ecumênico demanda uma série de atitudes renovadoras em suas práticas religiosas, que convém salientar:

Em primeiro lugar, o básico é permanecer no convívio atraente de nossa fé a nós revelada como uma graça diferencial em nossas convicções, como um privilégio de estar de posse de uma verdade que é concedida a nós de uma forma privilegiada, inspiradora de vida e santidade.

Em segundo lugar, acolher as demais crenças de uma forma amorosa como diferentes formas de manifestação do Espírito Santo, que sopra onde quer, sob o condicionamento dos fatores locais e temporais.

Em terceiro lugar, reconhecer que a pluralidade cultural intrínseca às atividades espirituais da humanidade decorre da inspiração de lideranças místicas condicionadas pelo momento histórico em que viveram, o que não tira em nada a sua consistência ontológica.

Em quarto lugar, manter sempre um espírito moderado em nossas críticas, reconhecendo como são amplos os limites dogmáticos de nosso conhecimento dogmático e histórico, como ocorre acentuadamente no campo das ciências sociais. Por tudo isso, o ecumenismo espiritual nos exigirá sempre uma atitude de admiração diante das riquezas manifestadas pela ação do Espírito Santo, que mesmo submetido ao subjetivismo de nosso conhecimento, preserva-nos no reconhecimento de que as religiões são atividades  essenciais para justificar nossa existência.