A literatura grega conhece a diferença entre mimesis e poiesis. A primeira com o significado de imitação, a segunda com o significado de criação. Com o mesmo sentido, a partir da capacidade autopoiética da humanidade, no dizer de H. MATURANA, neurobiólogo chileno, a espécie humana conquistou a capacidade de transformar as potencialidades da Natureza em benefício próprio, e com o desenvolvimento de sua inteligência, passou a trabalhar insistentemente no propósito de aperfeiçoar e desenvolver seus limites naturais, usando toda a sua diligência em se aperfeiçoar.

Humberto Maturana
É, portanto, a partir desse reconhecimento que começamos a entender a atuação de nossa inteligência artificial, presente desde o início de nossa civilização, mas que hoje passa a ocupar um papel de relevância em todas as nossas atividades. Dessa forma, não é temerário afirmar que ela está presente em todas as nossas atividades, pelo grau de transformação que causa em todos os nossos procedimentos.
Começando pelo nosso convívio social, com o domínio das redes sociais ( high techs), somos hoje prisioneiros de um caldo de cultura dominante, que nos impede de exercer plena liberdade, ao nos tornarmos vítimas das fake news, ou por nos sentirmos obrigados a ouvir certas notícias que nos martirizam, tudo isso para que não sejamos acoimados de insanos retrógados.
No que diz respeito as nossas atividades profissionais, somos compelidos a estar de acordo com o avanço tecnológico, que torna o ambiente de trabalho cheio de máquinas e aparelhos eletrônicos, demandando um trabalho de aprendizado na forma de usá-los. Sem querer, nos tornamos escravos de seu funcionamento.
No que diz respeito às atividades comerciais, o impacto da propaganda permite a divulgação verdadeira ou falsa dos produtos, nos iludindo de uma forma irresistível na sua aquisição, o que faz dela um instrumento fundamental de convencimento e obtenção de lucro.
No mundo ético de nossos comportamentos, a inteligência artificial nos compele a superar os determinismos naturais, tornando nossos atos compatíveis com o bom senso, nos forçando a sermos morigerados em todos nossos ímpetos desregrados. Na escola, a inteligência artificial está forçando a mudança dos métodos pedagógicos, facilitando a comunicação e tornando mais concretos os objetivos do aprendizado. Como se vê, a inteligência artificial é produto de nossa espiritualidade e em tudo devemos colaborar para torná-la cada vez mais humanizada e assim possa atingir os objetivos a que se propõe, qual seja o de aumentar a felicidade humana em todas suas dimensões.