O olhar humano se nos apresenta enriquecido por dimensões que não são aquelas permitidas por nossa fisiologia corporal, como um ato de enxergar um objeto, mas se nos apresenta também em dimensões etéreas, abstratas, aquelas patrocinadas pelo embate de nossas ideias, intuições ou o exercício natural de nossa subjetividade, tendo como pano de fundo os colapsos quânticos de nossa imaginação. O olhar interior refere-se ao processo de introspecção e autoconhecimento no qual qualquer pessoa pode atuar, com vistas a se compreender melhor.

Renê Descartes
Na continuidade, somos capazes de transformar também qualquer olhar fisiológico e acrescentar a eles um monte de significados acrescidos, perguntando por sua origem, sua utilidade, as razões ou motivos de estar aií, disponível a nossa vista. Ora, isto é resultado de nossa capacidade espiritual, exclusiva do gênero humano, como uma graça a nós concedida. O segredo está em como, a partir de nossas observações exteriores, obter as luzes que nos são oferecidas pelos olhares interiores, o exercício desinteressado de uma mente esclarecida, como diria DESCARTES.
É neste momento que se abrem para nós as perspectivas filosóficas de nosso olhar interior, permitindo que nossa mente agora possa penetrar no embate dialético de nossa realidade existencial. Estarmos vivos é, portanto, sermos capazes de usufruir a claridade da luz solar que se irradia sobre nós.
Não obstante, nosso olhar interior é o caminho que deveremos procurar, pois ele é sobremaneira mais rico do que nossos olhares externos, que nos são úteis apenas para o suprimento de nossas necessidades físicas. É por isso que os monges, quando estão para orar, fecham seus olhos em sinal da opção pelas riquezas de nossos olhares interiores. E não só os monges, mas todo aquele que deseja um contato íntimo com os arcanos de nossa mente abstrata. As orações constituem um momento privilegiado no cultivo de nosso olhar interior, uma prática que todas as pessoas iluminadas recomendam.
É dessa forma, então, que nós, seres humanos, podemos atingir a plenitude de nossa existência, pelo cultivo sistemático de nossas aptidões espirituais, que nos aconselha a não perder tempo com futilidades exteriores, que são apenas provisórias, mas agora inteiramente dedicados a cultivar nosso olhar interior, rico que é em seus enlevos de superação.