O Eu em dimensão mística

Parafraseando STO. AGOSTINHO, sou possuidor de uma trindade que me constitui como Natureza, pois sou dotado de Poder, semelhante a Deus Pai, Sou dotado de redenção como Deus Filho e sou dotado de Consciência, como Deus Espírito Santo. Mantenho tudo isso no interior de minha alma, como o habitat natural de um ser humano que é divino em sua origem.

Como Poder, sou dotado de Criatividade, Racionalidade, Noção de Valor e Liberdade. Como ser Emotivo, sou dotado de Paixão, Amor, Ódio, Prazer e Dor. Como dotado de Consciência, tenho o poder de me  diferenciar de meu corpo, intuir ideias abstratas, construir a Ciência e usufruir de minha autonomia.

Ora, estas propriedades não resultam de minha origem corporal, mas são privilégios a mim concedidos desde o meu nascimento como pessoa, um ser racional dotado de uma alma, que nos faz diferentes de todos os outros animais que, segundo pesquisas recentes, são também possuidores de uma consciência instintiva, como uma alma em potência.

Como então reagir diante de tantas características, que são como desafios a superar? Diante de tudo, importa que tenhamos sabedoria para exercê-los, um espírito clarividente o suficiente para que não venhamos a frustrar os objetivos pretendidos através de nossa criação como seres humanos.

Diante disso, o primeiro dever da sociedade organizada seria prover as novas gerações dos recursos que pudessem orientá-los como futuros cidadãos de um estado não pensado em termos puramente econômicos, mas que fossem formados para viver numa sociedade aberta em sua concepção de poder, sentimento e consciência.

O fundamental seria, portanto, a transformação dos ideais pedagógicos, de menos informativos para mais formativos, com base para uma abertura dos requisitos transcendentes que tal postura implica, pois nós não somos apenas animais, mas sim anjos decaídos para o nível da existência material, como pensava PLATÃO em sua alegoria da caverna.

Em conclusão, a concepção de que nós não somos apenas animais racionais exige de todos nós uma transformação radical em nossa convivência, por possuirmos dependência ontológica à Trindade que nos cria, pois, segundo HEGEL, o Espírito envolve seja o subjetivismo pessoal, o objetivismo social e o absolutismo ontológico, este compreendendo a Arte, a Religião e a Filosofia.