Mesmo fazendo o certo ou o errado, estamos a dispor uma potencialidade sagrada que a nós foi concedida. A palavra sagrado vem do latim sacrum que diz respeito a tudo que está próximo do transcendente, do divino. Numa atmosfera de tudo o que o ser humano aspira, o sagrado está em torno do que merece veneração, a prática do bem. Quando praticamos o mal, cometemos um sacri-légio ou a ruptura de sua relação com o bem. Temos que afastar o maniqueísmo do mal, ao passarmos a considerá-lo como ausência do bem, como STO. AGOSTINHO procurou fazê-lo.

Santo Agostinho
Por consequência, há uma íntima relação de todos os nossos atos com o bem que com ele se relaciona, o que significa considerar que qualquer ato que praticamos se coloca dentro do mundo ético, o que demanda um extremo cuidado com relação a tudo que praticamos. Dessa forma, nossos erros são produtos de nossa deficiência mental ou nossa pouca preocupação que sua prática acarreta, os prejuízos que sem dúvida resultarão para nós.
Pois que o sagrado existe justamente como forma de oportunizar nossa constante necessidade de remissão de nossas faltas, que não são poucas, exigindo de nós uma prática constante de veneração com tudo que é sagrado. A humanidade, com suas técnicas, tem perdido o sentido do sagrado, o que faz aumentar a violência individual ou coletiva, os gravames que prejudicam a sustentação da paz.
Educar a sociedade com respeito ao que é sagrado significa criar vínculos promissores de sustentação da família e da ordem social, o que a pedagogia deveria fazer com urgência, pois há motivos mais do que convincentes quanto a sua urgente necessidade. Seus frutos haverão de ser promissores quanto à modificação do atual caos social.
A todos incube a tarefa urgente de afastar da ideia do estado leigo da indiferença quanto ao sagrado, que não são ideias antagônicas. Pelo contrário, o respeito às origens do sagrado seria benfazeja na sustentação de políticas mais consentâneas com as nossas origens históricas, significando respeito pelas nossas tradições e satisfação de nossos anseios mais preciosos. A ideia do sagrado deve se imiscuir com a ideia do leigo, transformando nosso subconsciente numa atitude permanente de reverência, necessária à sustentação de nossa religiosidade, o que nos faz sentirmos bem com referência ao que nosso espírito recomenda. A prevalência do sagrado em nossa vida deve ser considerada uma graça.