O Uno é o mesmo que se espraia em todas as coisas. Tomar consciência da unidade de todo o Universo é uma tarefa só possível pela presença em nós de um Espírito Superior que nos capacita, uma mente privilegiada que nos esclarece que o múltiplo é uma unidade diferenciada, por estar disperso em aparências virtuais, só captáveis momentaneamente por nossos sentidos.

Baruch Espinoza
Os caracteres que nos indicam os propósitos unificadores da Natureza são defluentes da própria diversidade, um desdobramento que nos indica que o Universo disperso retém um princípio unificador necessário à sua sustentação:
A constância da energia (EINSTEIN): subjaz a todo o processo natural o propósito de produzir energia, um impulso presente desde o nascimento de todas as coisas, até o seu deperecimento. O que se observa em todos reinos, mineral, vegetal e animal é um dinamismo intrínseco ao desenvolvimento de propriedades vitais, que são reprodutivas.
O pluralismo das formas, segundo PLATÃO, captadas apenas por nosso pensamento, elas são imorredouras em seu caráter abstrato, nos indicando que a sua variedade é fruto somente de uma unidade espiritual que é concreta em toda a variedade das coisas transformando-se lentamente. Elas nos indicam que sua evolução não tem pressa, submersas na lentidão de seus detalhes.
A temporalidade espiritualizada (STO. AGOSTINHO) neutraliza a sucessão dos acontecimentos, transformando nossa percepção periódica do mesmo, tornando real apenas nossos instantes vividos. Se só o presente é real, restamos ao sabor de lembranças (passado) ou expectativas quanto ao porvir (futuro). Dessa forma, o fluir do tempo é uma impressão ilusória.
O espírito imanente (ESPINOSA): a percepção da unidade na diversidade só se torna possível pela imanência de um Espírito que está presente em todas as coisas, vivificando-as com o mesmo caráter de identidade e personificação das formas, como acontece com os seres humanos: a feição diferenciada de cada um de nós, entre bilhões de pessoas, é o milagre genético de uma diferença patrocinada por um só Espírito que se diversifica sem perder a sua unidade.
O espírito transcendente (Evangelho): é a ultrapassagem da variedade das coisas para a unidade de tudo sob a égide da substanciação de uma fonte que é única, por estar acima da variedade do múltiplo. Possuidora de criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade, ela nos torna participantes da demiurgia dos deuses.