O infinito está entre nós

O infinito é um fenômeno virtual, captado por nosso Espírito por sua transcendência em relação à realidade. A infinidade do céu estrelado, a série sem fim dos números, a riqueza de nossa imaginação em produzir impressões, a capacidade de nossa mente em produzir ideias, as formas infinitas que nossos sentidos concebem, a originalidade da beleza presente nas obras artísticas, a infinidade das performances apresentadas pelos fenômenos luminosos, são alguns dos exemplos da infinidade presente entre nós.

Tais fenômenos que a Natureza nos oferece põem em cheque os limites de nossas percepções e como impressões etéreas podem ser considerados sinais virtuais de Algo Divino, ao ultrapassarem nossa intuição como seres criados, impossibilitados que somos de atingir tamanhas dimensões. Como Deus é em nós Algo Infinito, que se mostra a nós como de uma dimensão necessária, consequente, consebemo-LO como responsável pelo fato das coisas  serem como são.

Tal argumento ontológico de Sto Anselmo foi questionado por Kant, tendo este esquecido de que, por se tratar de Deus, não há como contestá-lo, em função da existência das coisas. Não se trata de imaginação, mas de uma tautologia evidente por si mesma.

Pois que temos consciência de que o infinito está entre nós, importa reconhecer também que a sua defluência não é produto de uma observação sensível, mas é o resultado de uma capacitação advinda de nossa espiritualidade, estranha à causalidade natural. Dessa forma, percebemos que somos especiais, por gozar de tamanho privilégio.

A infinidade está presente também em nossa experiência da morte, pois ela representa a suspensão de todos os nossos sentidos, substituindo-os pelo infinito do nada que é tudo. Com a experiência do nada nos tornamos imersos nos limites do infinito, que deflui naturalmente do orbe criado.  Assim, o nada da morte é o tudo que não tem limites.

Dessa forma, como humanidade espiritualizada, deveríamos construir a nossa cultura imersa nas vantagens que o Espírito nos oferece. Isto ainda vai acontecer, ao superarmos as necessidades de disciplinar as deficiências de nossa materialidade, que sofre em dores de parto. Isto é o que a evolução nos descortina, como clímax de uma subida sofrida pelos cumes do percurso, mas que são visíveis pelas promessas divinas de nossa fé cristã, pois tudo podemos N’AQUELE que nos fortalece. Pela fé, é o infinito que nos promete uma habitação feliz na Jerusalém Celeste.