O conceito de predestinação tem, em primeiro lugar, um conteúdo cristão: refere-se ao pressuposto de que Deus, sendo onisciente, sabe de antemão quem se salva ou quem vai para o inferno, tendo por base inúmeras citações bíblicas (São Paulo, nas cartas aos romanos e aos filipenses, de forma destacada). No sentido laico, a predestinação se baseia na crença popular de que nada acontece por acaso, de que tudo está previamente determinado, pela evolução sucessiva das ocorrências. Continue lendo
O Universo é, essencialmente, um processo virtual
As virtualidades constituem a realidade primária do mundo cósmico, pois o Universo, precário em sua existência, não possui nada de permanente ou estável. Compartilhando com o mundo de nosso saber (ciência, filosofia, arte e religião), permanece fortemente dependente de nossa espiritualidade. PIERRE LÉVY em sua obra O que é o virtual (SP, Ed 34, 1999) nos assegura que o virtual consiste na apreciação do real de uma forma diferente, não estática, mas dinâmica, momentânea, mas não irreal, simbólica, mas não imaginária, holística, mas não abstrata. Continue lendo
Reflexões sobre a imortalidade
De acordo com a recomendação de PLATÃO “filosofar é aprender a morrer”, é oportuno, então, nos dedicarmos a tratar desse tema tão complexo de nossa natureza, as indicações percucientes que confirmam nossa imortalidade. O ponto de partida aqui será o clássico dualismo, a tese que nos assegura a diferença radical que há entre nosso corpo e nosso espírito, como pensaram desde muito cedo SÓCRATES, PLATÃO, SANTO AGOSTINHO, DESCARTES, HEGEL e a maioria dos filósofos, que afirmam nossa realidade inteiramente dependente de um ESPÍRITO, estranho ao mundo material. Continue lendo
Um Século de Cultura – História do Centro de Letras do Paraná (1912-2012)
“O futuro é a projeção do passado condicionado pelo presente”
(Georges Braque, pintor francês)
Vivenciando o Centro de Letras do Paraná, no ano do Centenário, compreendemos, louvamos e exaltamos a sua importância e projeção, no cenário cultural paranaense.
Fundada em 19 de dezembro de 1912 por um pugilo de intelectuais, desde logo se sobressaiu, por isso que teve a sustentá-lo, no dizer de Euclides Bandeira, “maiores valores mentais desta terra”.
Dotado de sede própria, que oferece abrigo a outras entidades congêneres, um corpo associativo que ultrapassa três centenas, ampla biblioteca com mais de vinte mil títulos, a maioria de autores paranaenses, promovendo eventos literosmusicais todas as terças-feiras, antecedidos por “Chá de Confraternização”, patrocinando o lançamento de concursos e obras literárias e artísticas, produzindo, semestralmente, apreciável “Revista”, o Cenáculo acolhe os amantes da cultura e os confrades sentem tanto prazer em frequentá-lo, que nos acostumamos a intitulá-lo de “A Segunda Casa de Todos Nós”.
Tal acervo cultural, que preservamos com tanto carinho, deixamos às futuras gerações, deveras engrandecido, porque nos esforçamos em honrar aqueles que, Euclides Bandeira e Emiliano Perneta à frente, nos entregaram e confiaram.
O Centro de Letras do Paraná fez história, incorporando-se à própria História do Paraná.
É, pois, motivo e ensejo de glória para todos nós, pela sua própria tradição.
E, no conceito do nosso David Carneiro, historiador e confrade ilustre, “A tradição é para os povos como a experiência da vida para os indivíduos. Se estes esquecem o seu passado, se perdem a consciência de sua existência, tendem a anular-se ou, quando menos, a repetir os mesmos erros já cometidos, porque o farol com que os indivíduos se conduzem é a experiência da vida armazenada da memória” (In “Pensamento de todos os tempos”, de Jeorling J. Cordeiro Cleve).
Praza aos Céus que o futuro seja risonho e feliz e que, aqueles que nos sucederem, possam usufruir do Sodalício em toda a plenitude!
Curitiba, primavera de 2012
Luiz Renato Pedroso
Presidente
História do Paraná – Momentos Marcantes
Perscrutando a vida do Espírito
O Espírito está em nós ao percebermos o surgimento do amor, da justiça, da verdade, do bem, da beleza, da vida e da liberdade, coisas que não se encontram no mundo da matéria, mas que são como luzes a guiar nossas inspirações. O encontro de qualquer um de nós com o Espírito se dá de forma virtual, ao observarmos que muitas coisas são etéreas, simbólicas, mas muito concretas em seus efeitos. Continue lendo
Manifestações extáticas da espiritualidade
CRISTO, o maior iluminado, é o exemplo mais notável de como o Espírito Paráclito pode atuar em uma vida, conduzindo-a à santidade. Entre vivências extraordinárias, as manifestações extáticas refletem práticas iluminadas de visões e milagres, de origem interna ou externa em mútua dependência. Contudo, na análise histórica do fenômeno, tornam-se preponderantes a presença de causas exteriores, motivando as perspectivas de uma revelação, como aconteceu com Buda e nas experiências dos grandes santos Joana D’Arc, São Francisco de Assis ou nas aparições de Lourdes, Fátima e Guadalupe. Continue lendo
Fundamentos objetivos da experiência religiosa
Sabemos que a experiência religiosa tem fundamentos subjetivos e objetivos. No primeiro caso, trata-se de motivações surgidas a partir de nossa condição vital, sujeita seja ao milagre de sua ocorrência, seja à sustentação de suas condições, precárias e sempre à mercê de suas fragilidades. Nossa condição orgânica sempre está a merecer cuidados, mantidos saudáveis apenas por constante vigilância, o que não esgota nossos limites naturais. É como se fôssemos criados para não aceitar o fato da morte. Dessa forma, deixar nossas fragilidades aos cuidados da providência divina resulta em forte alívio nas preocupações, corroborando nossas condições de serenidade e alívio quanto ao futuro de nossas vidas. Continue lendo
O ser, diferenciado nos três Universos
O SER é ímpeto criador de formas e substâncias, que são pura potencialidade em seu surgimento. Ele é causa do substrato da aparição, cujo resultado é puro milagre. No entanto, o ser pode ser considerado ontologicamente diferente, quando analisado sob a perspectiva dos três universos paradigmáticos:
No macrocosmo ele é tautológico, afirmando-se por si mesmo
No microcosmo ele é quântico, apenas provável
No mundo virtual ele é simbólico, produto de cultura.
Três Universos, três divindades, três presenças
Nosso conhecimento do Universo apresenta sérias contradições e incompatibilidades, seja em relação aos motivos de sua existência (por acaso, Providência, telefinalismo ), seja em relação à eclosão da espécie humana (integrada ou não no mundo natural), seja em relação ao mundo das micropartículas (indeterminadas, prováveis). Não obstante, nossa inteligência foi dotada da capacidade de compreender essas anomalias, desde as homologias que observa, até atingir a compreensão adequada de suas relações transcendentes. Continue lendo