A mística presente nos quatro elementos

EMPÉDOCLES de Agrigento, filósofo grego pré-socrático que viveu no século V AC, concluiu  que tudo no Universo compreende a  combinação de ar, terra, água e fogo. Antes do advento da química moderna, esta teoria reinou soberana  entre os pensadores antigos, de Aristóteles a Tomás de Aquino e representa uma forma incipiente de fazer ciência, com base apenas em observações sensíveis, a categorização imediata de aspectos visíveis, mas nem por isso, carentes de eficácia explicativa.

Dessa forma, com fundamento no princípio esotérico que reza: tudo que está embaixo possui correspondência com que está em cima, é possível o estabelecimento de algumas analogias simbólicas entre os quatro elementos estabelecidos por Empédocles e as quatro divindades que governam o mundo da fé e da religião: Pai, Filho, Espírito Santo e os milagres da  Santíssima Mãe de Deus, Nossa Senhora. Estas analogias, como evidente, não são relações físicas, mas constituem sobretudo ressonâncias mórficas e, portanto, virtuais.

Assim, o ar se assemelha  ao Universo do Pai, causador do primitivo ambiente cósmico que, segundo os cientistas, deu origem a tudo o que existe, um processo cíclico que transformou o caos em cosmos, depois do Big Bang. É o ar em movimento o indutor primitivo que dá origem às galáxias e estrelas, o substrato físico do multiverso. Foi o carismático profeta ELIAS que, no monte Horeb,  encontrou Deus na brisa suave do vento, ou seja, uma revelação mística do  ar (1Reis 19:11,14).

O segundo elemento de Empédocles, a Terra, corresponde ao mundo do Filho, que descendo do céu, encarnou-se como ser humano (de humus, terra), para salvar a humanidade transgressora das leis de Deus. Sofreu como os humanos para resgatar os defeitos da maldade. Aqui, a perspectiva é teológica, a redenção do mundo criado para a glória do Filho Salvador.

O terceiro elemento de Empédocles é o fogo, a imagem viva do Espírito Santo, que acende no coração das pessoas a luz divina da salvação, a graça dada a cada um de participar das verdades da redenção. Vivendo a dialética das contradições, é a força de superação de todos os males e sofrimentos, pela virtualidade de sua graça. O Espírito Santo é o espelho de nossa consciência, a firmeza de nossa fé e a certeza de que tudo tem um sentido, apesar dos sofrimentos causados pela necessidade das leis naturais.

O quarto elemento é a água, o caminho que fertiliza a terra, similar às graças de nossa mãe celeste, corporificadas nas aparições de Nossa Senhora em Lourdes, em Fátima,  Nossa Senhora do Rocio e em tantos outros lugares, verdadeiros testemunhos de milagres concedidos a todas as pessoas dotadas de fé e devoção.  Bernadette Soubirous  testemunhou  a revelação de Maria em uma caverna subterrânea, Nª Sra Aparecida foi pescada de um rio, confirmando suas graças a partir da água. Nª Sra do Rocio é o orvalho salvador que livra o povo de sua peste.

Ainda mais, a água, como Nossa Senhora, é elemento recorrente no processo da Revelação, desde Moisés, que foi encontrado às margens de um rio; também, na salvação depois do dilúvio, na transposição do rio Nilo e outras ocasiões cruciais da manifestação libertadora de Deus. Como a água, Nª Sra, aplaca o secume de nossa fé, mantém a vida e supre nossas carências de Deus. Por isso, ela se constitui como origem de graças especiais, mantendo vivas as certezas do poder de Deus.