O nascer do Espírito

Pergunta-se se a existência do Universo implica necessariamente a existência de um Criador. Como sabemos pelas pesquisas científicas, a viabilidade do Universo como existente só ocorreu por uma série de coincidências que não possuíam, por si mesmas, as condições possíveis de sua viabilidade, não fosse a interferência de Algo Exterior que as combinasse. Sob a forma de singularidades, tais condições, tomadas isoladamente, jamais teriam condições de sair do caos primitivo em que se encontravam.

Em complemento, importa indagarmos porque este ATRATOR é o grande presente/ausente num Universo de acontecimentos aparentemente desconexos, exigindo de forma explícita que nosso espírito seja a única forma de percebê-Lo? Portanto, isso só ocorre de uma maneira virtual, como algo que necessita ser invocado para se tornar presente, como o toque de um contato que necessita ser ligado para que se torne real. Ora, o virtual é justamente isso, o que está presente apenas de uma forma indireta, que só se torna aparente por intermédio de uma provocação.

Dessa forma, em vista de tais circunstâncias, queiramos ou não, o alcance da racionalidade externa do mundo não possui, em grau suficiente de possibilidade, a autonomia necessária para justificar a evolução cósmica a que se vê submetida, exigindo de nós a aceitação de que somos instrumentos de uma Providência Transcendente, a coincidência feliz de possuir uma vida que está presente no Universo desde o seu surgimento, uma energia primária que se transforma em consciência, pela ação constante de um self-design dotado de sentido.

Ora, tudo isso só se torna possibilidade concreta pela presença, em nós, de uma capacidade extática que ultrapassa as condições normais de sua materialidade física, pelo reconhecimento de que há em nós a percepção de um estado virtual que nos convoca. Trata-se de uma abertura de nossas experiências psíquicas que só são possíveis através de provocações, que não dependem apenas de nossa vontade, mas que se nos apresentam como revelações pertencentes a um universo existente além de nossos cinco sentidos.

Dessa forma, pela história de nossa civilização, constata-se a ocorrência de inúmeras manifestações que ultrapassam a materialidade dos fenômenos, certas atividades espirituais, místicas, que consistem na presença inusitada de forças reveladoras da existência de um mundo transcendente que, aparentemente, está muito perto de nós, bastando apenas que liguemos os laços etéreos que nos aparecem, como aconteceu na vida dos PASTORINHOS DE FÁTIMA, na vida de PLOTINO, STA TEREZA DE ÁVILA ou SÃO JOÃO DA CRUZ, confirmando uma presença que se manifesta, bastando apenas nossa preparação interior, ou mesmo sem ela (sic).

Dessa forma, concluímos que nossa aproximação a Espíritos Iluminados se dá principalmente pelas graças de Suas Vontades, como tem ocorrido em muitas aparições, reveladas a pessoas dotadas ou não de capacidades místicas, como ocorreu em Aparecida,, Guadalupe, Fátima, Lourdes e tantos outros lugares, nos provando que existem caminhos concretos de revelação do divino entre nós, nos certificando que o espiritual é a verdadeira dimensão da realidade, o envolvimento de um mistério que abarca toda a realidade. Por isso, SÃO JOÃO, relatando a conversa de Jesus com Nicodemos, pôde escrever em seu Evangelho (3-7): “Não te admires por eu ter dito: Necessário vos é nascer do alto. O vento sopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes nem de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito”.