Semiótica e conhecimento através de rótulos

Como ciência da transmissão de significados, a semiótica desempenha um papel fundamental na formulação dos rótulos mentais, compondo quadros de amostragens cheios de variedade e criatividade, tornando a captação da realidade, por nosso espírito, um trabalho de arte e composição dependentes apenas de nossas disposições interiores (insights).

É a capacidade semiótica de nosso espírito que nos permite criar o pensamento, exprimindo-o como rótulos. Assim, impor um rótulo a qualquer objeto, acontecimento ou pessoa é uma operação mental que sintetiza todas as nossas impressões a respeito do observado, tornando-o acessível de modo exclusivo e peculiar. A semiótica tem tudo a ver com a psicologia das formas (Gestalt)!

Assim sendo, a realidade se torna para nós algo cheio de significados, formas e cores diferenciados, segundo a índole de quem a esteja captando, pois rotular passa a ser uma arte de percepção intuitiva, que pode variar do simples esboço teórico até as fantasias oníricas do inimaginável.

Questiono se todas as formas de obtenção de nossos conhecimentos não é apenas rotular, ao perceber que a captação dos objetos, das pessoas e das situações não se dá apenas de forma abstrata e isolada, mas desde cedo surgem em nossa subjetividade eivados de condições circunstanciais que contribuem para a sua caracterização.

Podemos impor à realidade rótulos bonitos ou feios, artísticos ou disformes, sombrios ou alegres, segundo a índole de nossas disposições interiores, o que revela que o mundo é para nós apenas o rótulo que dele construimos, a imagem perfunctória que dele fazemos, em função de nossas aspirações ou idiossincrasias.

Dessa forma, podemos concluir que tira do mundo o melhor que ele possui, aquele que tiver a sensibilidade e a criatividade suficientes para rotular o mundo de forma positiva, alegre, como um belo rótulo imitando a arte de quem o criou.