A dimensão sinótica da vida

A dimensão sinótica da vida é também uma visão holística, a percepção de que todas as formas de vida estão relacionadas, uma unidade de manifestação muito sugestiva quanto a sua origem, inserida que está no âmago do orbe criado. Assim, na Natureza, a vida se nos apresenta diferenciada em suas dimensões, sem deixar de tê-las  relacionadas, constituindo, na continuidade, as etapas evolutivas em seu  desenvolvimento. Dessa forma, podemos caracterizar as seguintes dimensões conceituais da vida, processadas a partir de sua longa evolução: dimensão mecânica, vegetativa, animal, consciente e espiritual, cada etapa posterior representando um novo marco de inovação.  Ora, tal visão sinótica da vida reflete o aspecto abrangente da presença deste fenômeno no Universo, com sua  realidade anímica (cfr. GOSWAMI, Amit. O Universo Consciente. RJ, Ed Rosa dos Tempos, 4ª ed, 2001). Dessa forma,

dimensão mecânica da vida é aquela constatada no mundo das pequenas partículas, as mínimas realidades mórficas que constituem o mundo físico, mas que as últimas pesquisas  indicam suas reações como dotadas de interação e intercâmbio. Caracterizadas inicialmente pelo princípio da incerteza, segundo W.HEISENBERG (1901-1976), o caos aparente das micropartículas vem sendo pouco a pouco dominado pelas cientistas, controlando a desordem quântica de suas reações.  Tal universo interage com as experiências de laboratório, indicando sua dependência aos experimentos que lhe são impostos. Ressalte-se, aqui, sua homologia a um universo vivo, dotado de atividade e reações à distância.

dimensão vegetativa da vida abrange o mundo das plantas e dos animais unicelulares, cuja principal característica é a de mover-se e se reproduzir. Demonstrando incipiente sensibilidade, eles representam uma etapa importante no processo evolutivo posterior, caracterizado pelo surgimento dos animais superiores, inclusive nós humanos, produtos que somos da fotossíntese produzida pelos vegetais. O mundo vegetal produz formas estéticas de harmonia notável em variedade e cores, sinal de que a vida tem também um forte compromisso com a beleza.

A dimensão animal da vida, como herança da etapa anterior, é aquela patrocinada pela autonomia dos movimentos e importância dos sentidos, permitindo maior interação com o mundo exterior. Característica dos animais em geral, tal dimensão impõe a eles os mecanismos de suas percepções, abrangendo diferentes formas de reações, violentas ou domesticadas. O mundo animal é profundamente autofágico, mantendo-se à custa da eliminação de outros animais, constituindo o que DARWIN chamou a luta pela vida.

A dimensão consciente da vida é aquela própria da espécie humana, patrocinada, segundo os antropólogos, pelo aumento de nosso cérebro, que possui células nervosas dotadas de uma miríade de sinapses, criando o surgimento do pensamento abstrato, por efeito quântico. Ora, o universo consciente quebra seus limites materiais, fazendo surgir realidades virtuais, coisas até então adormecidas na materialidade, como que aguardando o momento de sua eclosão plena, insuflada  pela natureza própria do Espírito  que a anima.

Ora, isso nos leva a considerar a dimensão transcendente da vida, um mundo superior de manifestações virtuais, mas muito concretas em nossa realidade, que  nos permite perceber uma visão holística do Universo, dando-lhe coerência e unidade. Assim, esta dimensão espiritual da vida tem como base a presença de uma Fonte Consciente que cria a realidade, sem deixar que nada se perca. Há, pois, em nós, uma centelha divina dotada de criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade, que constituem o estofo de nossas potencialidades de ação. Trata-se aqui do aparecimento de uma atmosfera superior de inspiração, uma compreensão abrangente de que no Universo tudo se encontra relacionado, nada perdendo em sua eclosão.