A evolução da vida e a consciência

Que a vida está envolvida com a consciência desde o início de seu surgimento é fato que pode ser facilmente constatado pela observação, estando mesma inserida no âmago do processo criativo primário, que consiste em energia e movimento. De fato, os cientistas têm observado que mesmo no mundo intra-atômico, este se revela como dotado de autonomia e coerência, frutos da interação de nossa subjetividade com os fenômenos observados (?).

Dessa forma, podemos observar que a Natureza, mesmo sendo muito diversificada em suas manifestações, apresenta um processo orquestrado de surgimento da vida, como sejam a transformação do micro  em macrocosmo, o desejo de procriar e manter a existência, apesar de todos os percalços; a abundância das sementes, nos indicando que há, nos seres vivos, um desejo intenso de sobreviver.

Ora, isso apenas confirma a universalidade da constatação de que essas observações efetuadas por nossa inteligência  representam um diferencial qualitativo que não se confunde com a pura materialidade, nos levando a concluir que a presença da consciência no orbe criado representa uma luz dotada de intenção, que não podemos deixar de reconhecer.

Dessa forma, dado esse perfil, o que é mesmo a consciência? Ora, os psicólogos, presos a seus preconceitos ideológicos, até hoje não encontraram uma resposta ausente daquelas implicações, o que tem dificultado a caracterização de sua verdadeira natureza. Fica-nos apenas o fato do mistério de sua consistência, que é virtual e não material, mas é presença imprescindível em nossa compreensão dos verdadeiros propósitos da criação.

Assim, é possível verificar que nosso espírito encontra um Universo vivo em suas potencialidades, uma energia vital que marchou, desde o início de seu surgimento, caminhando paulatinamente no sentido de sua manifestação autônoma.  Ora, é incrível como tais manifestações apenas mecânicas da energia tenham dado origem à inteligência abstrata humana, isto que permite nossa abertura para a transcendência.

Dessa forma, é o poder do espírito humano que consegue o estabelecimento de certas relações entre os fenômenos, o que constitui um privilégio diferencial da normalidade primária que sustenta a ocorrência das coisas. Assim, a ciência tem observado que vida e consciência são dois aspectos que se complementam, pois desde o seu aparecimento como fenômeno no planeta Terra, podemos verificar estarem ambas mutuamente interdependentes.

Ora, este fato nos indica, portanto, que vida e consciência são dois aspectos integrados de uma só realidade, nos indicando o verdadeiro sentido da criação, que é permitir a eclosão de uma espiritualidade cada vez mais concreta em suas influências. PIERRE LECOMTE DE NOÜY, pensador francês do século passado,, denominou este caminhar constante da Natureza em direção ao Espírito de telefinalismo, ou de que maneira podemos reconhecer uma intencionalidade material no sentido de desenvolver a revelação de uma espiritualidade, imanente ao mistério do que surge.