A liberdade como compromisso

A liberdade, ao lado da criatividade, racionalidade e do sentimento, constitui as quatro características fundamentais do Espírito, a essência principal de nosso ser, pois como nos diz SÃO JOÃO, onde está o Espírito, aí está a liberdade.

A liberdade não consiste em fazer o que se quer, mas o que se deve, pois o querer é arbitrário, e só o dever é uma obrigação. A língua portuguesa não distingue entre o dever opção e o dever obrigação, como fazem os alemães (sollen e muss). Ora, isto significa dizer que a liberdade, para nós, sendo relativa, implica a escolha prévia do tom de nossa voz, como ordem ou como opção.

O uso comedido de nossa liberdade é uma de nossas grandes virtudes, pois exige de nós sabedoria e moderação, cálculos baseados em nossa diligência, para sempre obter o melhor de cada situação, evitando assim decepções.

Não ser espírito muito aventureiro é um pressuposto ponderável para quem deseja tranquilidade na prática de seus atos, sempre evitando momentos de risco, principalmente quando em grupos, cuja ação pode ser inesperada e violenta.

A vida em família é também um pressuposto importante para quem deseja fazer um uso correto de sua liberdade, seguindo os padrões conservadores que têm alicerçado a vida social por séculos. Muita coisa eu posso, mas nem tudo me é conveniente, como nos diz S. PAULO.

No que diz respeito a nossos atos, tudo tem sua época e seus lugares próprios e convém ter cuidado quanto ao cometimento de seus deslizes. Quem puder atravessas incólume seus momentos de risco, tanto melhor para sua integridade física e mental.

A crença é um auxiliar poderoso na superação de nossas fraquezas e não convém desprezar seus auxílios. Estou casado há quase 70 anos com a mesma esposa e constituí uma família com três filhos que são a nossa alegria. Tudo isso devo a minha fé católica, do interior das Minas Gerais, que considero valiosa em me guiar.