A vida, experiência micro-celular

Tratar o fenômeno da vida em suas diversas dimensões é tarefa profícua para nos aproximar da riqueza de seus aspectos semióticos, desde a sua presença em nível quântico, (intra-corpuscular), até atingir o nível biológico ou as demais dimensões em que ela se manifesta. Sem dúvida que a experiência da vida está presente em todas as manifestações do Universo, sendo ele mesmo dotado de autoconsciência (cfr. GOSWAMI, Amit, Universo Autoconsciente. SP, Ed Aleph, 2008). Constata-se, portanto, que a vida é um fenômeno recorrente que emoldura a própria riqueza da criação em seu design.

1) A vida a partir de suas manifestações quânticas: foi o desequilíbrio físico-químico entre os diversos elementos que permitiu o surgimento das variadas substâncias que compõem nosso universo, como a água, os metais, nosso mundo exterior, sem as quais a vida não teria sido possível. Os cientistas, ao pesquisar as reações atômicas das diversas substâncias, verificaram que elas são dotadas de certo poder telepático que permite a elas reagir de forma simultânea.

2) A progressão evolutiva da vida a partir de moléculas e células dotadas de autonomia e auto-reprodução, propriedades que garantem a transmissão hereditária de seus caracteres, a herança de pais para filhos. A passagem do nível energético das substâncias para o nível biológico da célula é um mistério que a ciência até hoje não sabe explicar. Quem cria o DNA é a vida e não o contrário. As proteínas que geram a vida necessitam, por sua vez, da existência de condições  anteriores, como no  paradoxo do ovo e da galinha.

3) A vida presente em nosso corpo é de extrema complexidade, cuja função coordenada dos diversos órgãos ultrapassa suas origens materiais, colocando-se num nível além das puras forças energéticas. Aqui, os cientistas necessitam levar em conta reações algorítmas, holográficas e holísticas, processos não determinísticos de surgimento das coisas.

4) A vida em nível coletivo, social, é um requisito essencial para sua sustentação, demandando um aprendizado de como exercê-lo de forma comunitária, não egoísta.

5) A vida, em nível transcendente ultrapassa sua natureza biológica, transformando-se num fenômeno dotado de dimensões não naturais que nos são oferecidas de uma forma espiritual e gratuita.  Como uma graça, sua fonte só pode ser divina, garantindo-nos que ela não termina com o fim de nosso corpo, sustentando-se acima do tempo, através de nossa alma.