A forma vem antes da coisa

A existência de algo que pudesse transcender a neutralidade da matéria surge com PLATÃO (sec IV a.C), ao considerar a forma das coisas como o seu princípio ontológico (eidos), sem a qual nada poderia ser o que é. Esta forma, portanto, constitui a essência de qualquer coisa, se colocando numa atmosfera de substancialidade, não de fenômeno.

Platão

Depois dele veio ARISTÓTELES que com sua física, restringiu o alcance espiritual das formas, colocando-as dentro da oposição matéria e forma, uma de suas categorias lógicas, assim como a essência e a existência, agora vistas apenas como um processo de linguagem, sem dramaticidade.

Isto não obstante, a restauração adequada da aplicação das formas na natureza humana coube a STO. TOMÁS  DE AQUINO (sec XIII), que procurou  conciliá-las de modo adequado à sua fé, conseguindo, com êxito, referir-se ao ser humano como dotado de matéria e forma, corpo e alma substancial, agora em perspectiva espiritualizada.

Assim, para ele, a alma, forma do corpo, é de natureza não material, a partir do modo como ela opera, produzindo objetos inteiramente imateriais, como a apreensão do abstrato, do infinito, do intemporal e do eterno, produzindo conceitos a priori, que independem de nossos sentidos. Dessa forma, a espiritualidade da alma é uma verdade natural, a partir de seu modus operandi.

A alma humana, subsistente por si, é criada diretamente por Deus, pois a matéria de nosso corpo não teria essa possibilidade, em função de sua natureza. Origem de nossas reações vitais, ela constitui a forma com que os animais passam a ter vida, sem exceção. Por isso, os animeis também possuem uma alma, limitada em suas potencialidades, o que distingue a alma humana, dotada por isso de transcendência.

A unidade da pessoa humana e de todo seu corpo vivente tem por origem sua alma, permitindo a reação coordenada de todos os seus órgãos, o que constitui a sua essência própria, exclusiva. Isto explica por que cada ser humano é único em sua natureza, de forma irrepetível. Por isso, todos os seres humanos possuem uma natureza diferenciada, constituindo um milagre como podem ser diferentes, apesar de suas mesmas origens orgânicas. É a alma individual que os distingue, caracterizando a sua originalidade. Manifestada em forma de consciência, nossa alma é o principio de nossa vida e de nossa essência.