As potencialidades mórficas da energia

As potencialidades mórficas da energia dizem respeito às variadas formas em que a mesma se desdobra, a partir da constatação científica de que o Universo é um espetacular palco  de transformações energéticas. O mistério, para o filósofo, consiste em observar os devaneios de sua evolução, tendo dado origem a uma diversidade de considerações, ora otimistas, ora pessimistas, de onde tem origem um espanto, conforme ocorreu com ARISTÓTELES.

A explosão que destrói é a mesma que reconstrói. Só assim será possível entendermos a violência da explosão inicial que deu origem ao Universo, o Big Bang. Ora, isto nos remete diretamente às potencialidades mórficas que envolvem o fenômeno da energia, ou a força intrínseca existente no coração do orbe criado. Dessa forma, nossa razão é levada a perguntar o porquê dessa potencialidade, criando um processo gigantesco de galáxias circulares.

Na continuidade, percebemos que a energia provoca movimentos em linha reta ou circular, em turbilhão ou em pulsar, oscilante ou periódico, gerando a massa da matéria, que constitui todos os corpos (a partícula de Deus). Tudo isso resulta de um trabalho intenso dos pesquisadores, que nos relatam que a existência da realidade, em seus princípios, é resultado de uma explosão contínua que gera uma energia luminosa num espaço frio e escuro.

É dessa forma que o eterno convive com o temporal, num processo aparentemente autônomo de efetivação, que nos dispensaria de indagar sobre quem teria sido o criador de tamanha epopeia, como concluiu STO. TOMÁS DE AQUINO, no século XIII. Não obstante, isto nos leva a pensar sobre a própria existência das coisas em si mesmas, a velha indagação de LEIBNIZ sobre a existência de algo em vez do nada. Ora, o recurso é apelar para a divinização da substância absoluta concebida por BARUC SPINOZA, que nos indica  que  ela se confunde com o próprio Deus.

É dessa forma que somos conduzidos naturalmente a perceber que a eclosão evolutiva da energia tem uma origem transcendente e não se dá por acaso, pois deixada à própria sorte, não teria resultado em coisa alguma. Ora, do nada, nada se faz, o que nos obriga conceber que a ocorrência da explosão inicial, como criação ex nihilo, só pode ter ocorrido pela Providência de Alguém. Sem dúvida, esta é a única forma de compreendermos que o Universo não é suficiente em suas causas geradoras.

Assim, conceber a existência de um Deus criador é nossa mais coerente atitude diante de uma realidade instável e virtual, tendo como avalista o Espírito que nos ilumina, pois as coisas nos parecem muito naturais, quando, na verdade, são completamente extraordinárias.  Dessa forma, manter o espírito aberto em uma crença sobre a divindade das ocorrências será uma atitude bastante coerente com o que o espetáculo cósmico nos oferece.