Matéria e vida se conjugam

A transformação da matéria em formas vivas nos aparece como um verdadeiro milagre, causando-nos admiração e espanto, apesar dos cientistas nos quererem explicar que tudo resulta de causas naturais. Não obstante, testemunhar que de um ovo possa surgir um animal com bico e penas é uma transformação que se coloca para nós como um fenômeno  extraordinário, uma criatividade que se põe acima do jogo aparente das forças primárias da matéria.

Na continuidade, como se constata, há uma tendência extravagante da energia bruta em se transformar, uma tendência evolutiva peculiar de autonomia sinética, desde a origem do Universo, gerando ascendentes formas de corporeidade, pois o mesmo se observa, desde o surgimento da física quântica, que as próprias micropartículas são dotadas de tendências mórficas (do grego morfé, forma), gerando matéria.

Ainda mais, o que se constata, em termos ontológicos, é o fato de que as diversas espécies de seres vivos não são dotadas das mesmas condições para exercerem suas atividades vitais, a partir da existência de diferenças psicológicas em suas formas de manifestação. Ora, isto nos indica que suas dimensões perceptivas não são iguais nas diversas espécies, na certeza causadas pelos momentos diferenciados de sua evolução biológica, mas mantendo, em termos vitais, uma diretriz que parece ser única até a eclosão da consciência, pelas fomas incipientes de espiritualidade que demonstram.

Dessa forma, verificando a evolução, podemos constatar que a vida dos corais possui dimensões primárias, assim como os vírus e as bactérias, dotados que são apenas de crescimento e reprodução. Já os vegetais e animais inferiores manifestam formas primárias de sensibilidade e movimento, o que os coloca mais  evoluídos em suas reações. Já a espécie humana se nos apresenta dotada de um princípio espiritual explícito, o que a coloca em nível quase angélico, não fossem suas tendências desregradas. O caminho ético seria desconsiderar o corpo, desenvolvendo apenas a espiritualidade, pois esse parece ser o propósito premeditado da  evolução cósmica.

Assim se coloca o fenômeno da destruição mútua entre os seres vivos, como resultado natural para que a vida se mantenha, em termos de continuidade biológica. Porém, este não é o desejo de nosso espírito, que por ser o selo da Divindade em nós, nos garante a imortalidade. Portanto, o que conta não é a interrupção da vida, mas a sua permanência, um ímpeto constante de que a ela se mantenha, como confirmada pela biologia, mas principalmente pela fé, que nos testemunha a ressurreição do Filho de Deus.