O fundamento primordial é a expressão simbólica de uma oração que expressa os paradoxos que conformam a realidade do Universo, cindido por razões naturais e principalmente, pela maldade humana, pois Sua Fonte está envolvida até os cabelos em seus fundamentos.

O expressar dessa situação, compatível com a mágica da realidade, só se pode dar de uma forma alegórica e poética, mas também vincada no drama de nossa historicidade, nos momentos cruciais em que se desenrola, ora de uma forma bastante coerente, ora bastante paradoxal, no convívio de momentos que entre si parecem contraditórios, mas igualmente imbuídos de complementaridade, vitais à sustentação de sua continuidade, a facticidade dos aconteceres. Ora, a constatação de que Deus é transcendente à Sua criação, constata-se que Ele também é imanente ao Universo, sem o qual nada poderia ter se formado, e está também em nossa consciência, sob a forma de nossa espiritualidade, o que nos permite compreender a as razões pelas quais o Universo foi criado, mas redimido em suas limitações.

O Redentor veio ao mundo não para sofrer, mas para nos revelar que o Criador é, sobretudo, nosso Pai, e que no Universo tudo está estabelecido para a felicidade de suas criaturas. Não obstante, o que ocorreu foi a Sua morte por vingança, a constatação de uma clara injustiça, tão comum entre os homens. Dessa forma, o fundamento primordial se torna uma alegoria poética e mística, a constatação de que há um Criador velando por todas essas coisas, pois do nada, nada pode surgir. Ora, Ele estando fora do Universo, está também dentro de nossa  espiritualidade, a porta de entrada para a nossa criatividade:

O FUNDAMENTO PRIMORDIAL

Pai Nosso  transcendente Criador do Universo emergente
Vós sois também imanente em nosso Espírito Consciente
Acolhei nossos pedidos insistentes
Concedendo-nos as graças
De que somos carentes
E tornai nosso coração ardente
De amor por toda a gente.
Ao chegar Tu nos abraça
E no calor de Teu regaço
Sentimos cair em estilhaço
Nosso desânimo ou fracasso

Ao final, há a experiência de um contato íntimo com o Criador, nos revelando como são concretos seus efeitos em nos transformar, tornando-nos lúcidos quanto aos propósitos de Sua benevolência. Ora, isto é graça demais para nossa insignificância, como seres dotados de muitos pecados e muito poucas virtudes. Amém!