O Universo dos humanos

Olhado em sua globalidade, o Universo é um conjunto de fenômenos aleatórios, no qual seus momentos só podem adquirir importância se forem avaliados em sua evolução e em suas consequências, o que sem dúvida ele não pode considerar. Ora, isto implica necessariamente a presença nele de um Atrator, que dê direção à sua evolução e do ser humano, para testemunhar tudo que ocorre.

Por isso, importa perguntar se o Universo não é apenas uma ocorrência espiritual, dada suas condições peculiares de se apresentar a nós. Em primeiro lugar, importa perguntar, se na perspectiva de uma cosmologia vertical, não aconteceu um milagre no Universo, com a presença do ser humano, animal e espiritual, dotado de existência e compreensão intelectual, num pequeno e insignificante planeta chamado Terra, integrante de um Universo, que tomado em sim mesmo, só tem significado para o seu Criador.

Depois que a física quântica destruiu a matéria como nós tradicionalmente a compreendíamos, transformando-a apenas num precipitado de ondas/partículas, caberia a nós, seres inteligentes, perguntarmos pelo que ainda constitui a sua substância, pois até hoje os cientistas não entenderam bem como tais ondas/partículas puderam se transformar em objetos macro-dimensionados. Só a partícula de Deus, os bosons, não explicam tais processos mágicos.

Assim também, o Universo desconhece o tempo, pois vive no instante eterno de sua renovada criatividade. Dessa forma, as diferenças entre presente, passado e futuro pertencem apenas à experiência humana, que as concebe. Daí as dificuldades que nossa razão encontra ao tentar aplicá-las às transformações ininterruptas da energia, pois conforme concebeu Sto. Tomás de Aquino, DEUS cria o Universo a cada instante, independentemente do tempo. Assim, o que existe é apenas um eterno agora, repleto de transformações inovadoras.

Igualmente, é dessa forma que a natureza espiritual do Universo se sustenta, sendo incompreensível sem a eclosão do fenômeno humano para compreendê-lo. Ora, isto deve alterar a maneira tradicional da ciência de considerar o fenômeno humano, que de ocasional torna-se agora imprescindível no contexto integral da realidade.

Por outro lado, a dimensão espacial do Universo alimenta nossa curiosidade sobre para que tanta distância, tornando impossível ao ser humano alcançar seus limites. Ora isto só pode significar sua origem transcendente, compatível com os poderes infinitos de seu Criador. Ao ser humano restaria apenas se admirar de tanto poder energético existente nos confins das distâncias, cujas origens não apresentam nenhum resquício de propósito imediato.

Da mesma forma, os poderes mágicos da luz assombram a criatividade humana com suas possibilidades quânticas, cuja energia e sintonia tornam possível a comunicação imediata entre as pessoas, em toda parte, um milagre hoje concreto entre nós. Dessa forma, a ciência atual, que era exclusivamente material, torna-se palco da contemplação mágica do Universo, tornando o ser humano veículo concreto de possibilidades criativas, como instrumento de inovação.

Relembrando a filosofia perene, se não há mais matéria substancial, também a morte de nosso corpo deve ser considerada apenas como um momento de transformação, pela integração de nosso Espírito na imensidão virtual da plena existência, como rezam o esoterismo das revelações e o instinto natural de nossa individualidade. Pensar assim representa um momento revolucionário de concepção, restaurando nossa dignidade de seres criados, habitat que somos de uma espiritualidade imanente.