Pensar absoluto versus Pensar relativo

O pensar absoluto é aquele constituído pela lógica rigorosa de estruturação das relações de causa e efeito, conforme nosso espírito subjetivo consegue constatar quando evidencia as necessidades peremptórias que interligam todos os fenômenos. Dessa forma, imaginar que qualquer acontecimento tem sua origem numa situação antecedente não aleatória faz alusão a um determinismo que não concede nada ao acaso, tornando tudo como um relógio cósmico, como imaginaram ISAAC NEWTON e RENÊ DESCARTES, no séc. XVIII.

DEUS é um ser PERFEITO. Logo, ELE EXISTE.

Não obstante, depois da teoria da relatividade de EINSTEIN, tudo no Universo parece complemento de uma situação conjunta, inter-relacionada, o que superou o determinismo isolado dos acontecimentos, apesar da convicção fideísta de Einstein de que DEUS não joga dados, o que até certo ponto nos parece verdadeiro, pois, em tudo, há sempre uma condição anterior que o fundamenta.

O pensar absoluto anula o livre arbítrio, por conceber que tudo está previamente determinado pelos antecedentes ou por uma Providência Superior, nada podendo o ser humano fazer para alterar a situação. Próprio das concepções radicais, apenas considera tudo submetido a uma Vontade, a qual apenas cumpre-lhe aceitar com obediência e humildade. De fato, tal absolutez de nossa lógica é perfeitamente reconhecida como uma intuição imediata de nossa consciência, um imperativo categórico, como diria KANT.

Ora, tal pensar estático de acordo com uma lógica rigorosa torna-se apenas um pensar tautológico, confirmando existir em nós uma evidência não dialética, demonstrando para nós a existência de princípios racionais analíticos e primitivos, como o de identidade ( a rosa é uma rosa) e o da não contradição; por exemplo: tudo que é, é; ou tudo que é não pode não ser, ao mesmo tempo, outra coisa, sob o mesmo aspecto.

Não obstante, HEGEL, dentro de seu pensar dialético, entendeu que o espírito absoluto compreende três momentos diferenciados, a arte, a religião e a filosofia, em consonância ao espírito subjetivo, ao espírito objetivo e ao espírito absoluto, demonstrando haver três etapas de evolução na caracterização do próprio fundamento da dialética. Como consequência, fica subentendido que nossa mente opera de forma simbiótica, tornando impossível qualquer radicalização no pensar absoluto.

Em complemento, temos que caracterizar o pensar relativo como a procura dos liames da relação que existe entre tudo o que acontece, não concebendo nada independente, numa complexidade que não prescinde uma lógica dos princípios, significando que o Espírito exerce uma precedência real em tudo que experimentamos. Tendo a liberdade como uma das suas características transcendentais, o Espírito faz de nós humanos sermos agentes fundamentais na transformação da realidade, alterando assim os projetos iniciais do Criador, através da nossa criatividade, racionalidade, e sentimento.

Então, tornam-se importantes as formas pelas quais usamos nossa liberdade, o que aumenta nossa responsabilidade quanto aos destinos de nossas ações, pois delas depende nosso futuro e das porvindouras gerações. Assim saibamos dar graças ao Criador, que não cingiu nosso pensar apenas aos determinismos lógicos de um pensar radical, garantido assim nossa alegria em sermos coparticipantes de Sua Criação, que é um fato absoluto e relativo ao mesmo tempo. Amém.