Nós, humanos, no turbilhão energético

A ciência nos tem demonstrado que o Universo é um processo gigantesco de energia, cabendo a nós, como pensadores, imaginar como este mecanismo físico primário pudesse se transformar em planetas habitados por seres vivos e, ainda mais, conscientes de suas próprias existências. Ocorre que esse fenômeno, complexo em sua própria natureza, não tem permitido que a ciência, até agora, fosse capaz de dar uma explicação convincente, ficando, pois, no nível apenas teórico, como suposições.

A propósito, seria conveniente indagar se tais teorias algum dia possam atingir um nível de constatação, deixando, pois, o nível do plausível, o que nos parece ser quase impossível, dado o caráter indireto de nosso saber, como confirmou o filósofo alemão IMMANUEL KANT em sua Crítica da Razão Pura, no sec XVIII. Dessa forma, parece que fomos criados não para sermos ativos no processo de aquisição de verdades, mas sim para sermos apenas contemplativos, o que implica tornarmo-nos humildes diante de tantos mistérios.

Torna-se oportuno perguntar como esses milagres, perdidos na transformação de milhares de anos, teriam sido produtos de um mero acaso? Isto é coisa que nossa racionalidade não consegue aceitar, em função das infinitas condições exigidas para que tais coisas pudessem acontecer. Dessa forma, a necessidade jogaria com o acaso uma partida dupla de relações, com a predominância da primeira sobre o segundo, mediante a qual fica justificada a continuidade do processo criativo, que se sustenta apenas se admitirmos a existência de uma Providência.

O inusitado é o fato de que a racionalidade humana, mesmo limitada em suas pretensões, ainda seja possuidora de princípios lógicos que a possibilitem formular níveis razoáveis de compreensão, pela abdução, acrescida de outros mecanismos de conhecimento, como a indução, a dedução, a intuição, a iluminação espiritual, etc. Ora, esses mecanismos não são provindos da natureza física, mas são de uma natureza transcendente, espiritual.

A propósito, temos de concluir que esta transcendência não ocorre isolada, mas implica a constatação de uma imanência evidente em qualquer momento da evolução do Universo, depois que os cientistas verificaram que, desde o surgimento da física quântica, os átomos demonstram reagir seguindo nossos estímulos e estar possuídos de formas primitivas de consciência (comunicação a distância), reagindo simultaneamente, mesmo estando afastados por longas distâncias.

Constata-se, pois, que nada do que conhecemos sobre o Universo ocorre isoladamente, mas que tudo se encontra interligado, matéria e espírito em simbiose quântica, isto é, gerando formas sempre inovadoras de surgimento para tudo, sem perder a sua unidade. Ora, estas conclusões apenas confirmam a importância de nossa presença no atual estágio de evolução, possuidores que somos da presença em nós de um Espírito que nos capacita.

Dessa forma, não podemos, como humanos, sermos apenas leigos indiferentes à presença do Espírito, que nos estimula reagir de acordo com suas características. Parafraseando STO AGOSTINHO, podemos dizer que o Espírito, por suas características de criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade é mais íntimo a nós do que nós mesmos, por nos capacitar de consciência reflexa, nos tornando cientes de nossa própria existência e guiados por Sua Luz que é imortal em sua criatividade e inspiração.