Trindade, fundamento de espiritualidade

A inteligência humana, pelas potencialidades de seu Espírito, consegue perceber, em sua realidade, a presença de três dimensões diferenciadas, atuando de forma integrada: um universo sensível, um universo inteligível e um universo perceptível.

Em primeiro lugar, muito dependentes de nosso corpo, há o mundo dos sentidos, as aberturas existentes em nossa realidade física que nos permitem captar os diversos estímulos exteriores, como a visão, os ouvidos, os cheiros, nosso paladar, o tacto, ânus e estímulos hormonais, constituindo um total de sete, o número perfeito, segundo PITÁGORAS. Enquanto estamos conscientes, eles comandam nossas reações exteriores.

Em segundo lugar, o mundo inteligível é o mundo de nossa racionalidade, de natureza abstrata, não física, apesar de suas dependências corporais, constituindo as nossas ideias. PLATÃO, na sua REPÚBLICA, soube caracterizar bem os dilemas que estão envolvidos na caverna de nossas ignorâncias. Dessa forma, sua higidez depende de um background em sintonia fina, sob pena de tornar-se fonte de extremismos comportamentais indesejáveis. Não obstante, o mundo inteligível nos torna semelhantes ao Criador, uma demiurgia similar à fonte que o sustenta.

Em terceiro lugar, o universo perceptível constitui o clímax de todas as potencialidades humanas, por girar em torno das visões imaginárias de nosso espírito, que só se satisfaz com a ideia de uma realidade que ultrapasse as limitações naturais do universo físico. Consistente a partir da transcendência que sustenta a ordem física, possui elementos concretos de percepção, não sendo, portanto, apenas ilusões imaginárias, sendo em si mesmo, concreto, por seus sinais de revelação.

De natureza virtual mas muito concreta, nosso mundo perceptível precisa de um clic de nossa disposição para se tornar concreto em sua aparência. Daí que se torna necessário um ambiente cultural propício a que ele se desenvolva.

Dessa forma, a presença entre nós dessa tríade imanente confirma o aforismo alquímico segundo o qual tudo o que está embaixo é reflexo do que está em cima, ou seja, a imanência é reflexo da transcendência, nos indicando que sem essa prioridade, nada teria se constituído. Há, portanto, sólidos motivos para sustentar a nossa crença de que existe uma Trindade Santa, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, convivendo em unidade de amor a gerir o destino de todas as coisas.