A capacidade humana de introspecção nos indica a autonomia da consciência em relação ao corpo, revelando que este é apenas nossa morada provisória. Ora, apesar de nascermos sem consciência reflexa, verificamos que há uma tendência evolutiva, no sentido de consolidar a autonomia do pensamento, o que não ocorre com os outros animais.

Dessa forma, importa reconhecermos que a aprioridade de nossa consciência faz parte de uma transcendência que é a garantia de nossa própria espiritualidade, que nasce com o corpo, tendo origem na própria materialidade que sustenta todo o Universo. Ora, disso resulta que este traz em si, imanente em sua natureza, uma espiritualidade ínsita em seus arcanos.

Característica espiritual de nossa natureza, o pensamento se defronta continuamente com uma série de contradições, sejam aquelas inerentes à diferença entre matéria e espírito, unidade e pluralidade, o bem e o mal, o determinismo e o acaso, o virtual e o real, , a vida e a morte. Não obstante, o achado de uma solução radical para esses problemas é bastante coerente, bastando assumirmos uma atitude unificada e sem preconceitos sobre tudo o que o Universo nos oferece, como pensou BARUC SPINOZA, com sua ideia da realidade de uma única substância.

Ora, disso resulta nossa capacidade de intuir sobre o Ser e sua atribuição a tudo o mais, caracterizando uma Unidade como sustentáculo da Diversidade, a precedência do UNO sobre a Variedade. Ora, este fato é uma referência clara de que os seres humanos, dotados de um poder abstrato de percepção, representam o ápice de uma evolução que não se dá por acaso, mas é parte de um projeto deliberado de domínio do Espírito sobre a realidade física, conforme concluiu TEILHARD DE CHARDIN.

Assim o conceito de Ser, por ser aplicável a tudo, é dotado de extensão máxima e compreensão mínima, sendo homólogo à ideia de Deus e é, portanto, imanente e transcendente. Presente em nosso espírito consciente, é centelha divina a caracterizar o fato de que tudo o que existe é manifestação de Sua Vontade: ELE abarca tudo o que existe e nada pode existir sem a Sua presença: (EU SOU AQUELE QUE É).

Quanto ao mal, é adequado reconhecer que ele é aleatório, como ausência do bem, segundo o que pensou STO. AGOSTINHO. Entre as três espécies de mal (físico, metafísico e moral), todas podem ser consideradas formas acidentais de ocorrências, as quais DEUS não é indiferente.