THOMAS HOBBES – Leviatã

Para entendermos o espírito do LEVIATÃ de HOBBES, temos que situar a situação política da Inglaterra no século XVII, abalado pela tentativa de OLIVER CROMWELL de estabelecer a república, pela primeira vez, naquele país, cujo resultado foi o assassinato do rei Carlos I, monarca do qual HOBBES havia sido preceptor.

Assim, segundo HOBBES, a humanidade vive em duas situações: o estado de natureza (status naturae) e o estado de sociedade (status societatis), sendo que no primeiro vigora a lei da guerra de todos contra todos (bellum omnium contra omnes), como nas sociedades primitivas ou em beligerância. Já para viver no estado de sociedade, esta efetua um contrato, no qual todos abdicam da anarquia, pela concessão da soberania a um chefe, absoluto, tornando os demais seus súditos, como garantia de paz.

No LEVIATÃ, o Estado é entendido sob a forma de um monstro marinho, citado no Antigo Testamento, no qual HOBBES pretende que a paz social só será garantida através deste modelo, pois não há outra forma de conter o desregramento das pessoas e da sociedade.

Eis-nos diante de uma atitude pessimista em torno da vida humana em sociedade (homo homini lupus), o homem é o lobo do homem ), e por isso se tornam justificáveis as formas de governos autoritários, antípodas de qualquer sentido democrático, o que o coloca, sem dúvida, como um representante do absolutismo governamental.

Fracassada a revolução de CROMWELL, a Inglaterra só pode conseguir relacionar-se pacificamente com o Parlamento em fins do século XVII, com o acordo célebre assinado na Catedral de Westminster, no qual o Rei reina, mas não governa, o modelo de parlamentarismo monárquico vigente até hoje naquele país.

Verificamos, portanto, que a obra de HOBBES deve ser considerada vinculada a seu tempo, o que representa um sério obstáculo em sua autonomia.