As dimensões incalculáveis do Espírito

O Espírito é um sopro etéreo em nossas vidas. Como energia, luz e fogo Ele cria a vida, mas também destrói para regenerar. Sua função é colocar-nos no mundo abstrato das dimensões infinitas, acima do tempo e do espaço, garantindo assim nossa entrada no mundo consciente. Assim, vivemos no mundo mágico das ocorrências fortuitas, tendo em nós a experiência de que tudo é aleatório mas de significativa importância.

 É o Espírito Infinito que molda em nossa consciência a virtualidade de todas as coisas, mas de ocorrências sempre muito concretas. O Universo é assim como é, pois ele próprio é para nós, sobretudo, uma manifestação espiritual, só perceptível pela nossa mente, que se coloca, diante de nosso corpo como uma realidade vivendo em outra dimensão, não aquela fornecida pelos nossos pobres sentidos externos.  Ora, é a virtualidade de todas as coisas que está a nos indicar constantemente que a sua sustentação não pode ser aleatória, senão nada existiria. O Universo é assim necessário por sua condição mesmo ocasional, o paradoxo das coisas existentes, que não possuem em si mesmas o determinismo de sua necessidade.

Assim é porque o Espírito Infinito molda em nossa mente as suas quatro características fundamentais, a criatividade, a racionalidade, o sentimento e a liberdade. EM primeiro lugar, é mesmo notável a criatividade humana, que a torna semelhante à criatividade transcendente, fazendo surgir as mais surpreendentes formas, seja como descobrimentos tecnológicos ou apenas artísticos, tornando a raça humana autopoiética em seus labores. Então, gênios humanos criam remédios para curar nossas doenças, vacinas para preveni-las ou combatê-las, numa infinidade de novas substâncias, em combinações não produzidas naturalmente pela Natureza.

Quanto a racionalidade humana, ela se nos apresenta cheia de percalços, que resultam em paradoxos até mesmo contraditórios, como ocorre no esforço dos cientistas na tentativa de derivar a coerência das coisas através da matemática, segundo nos demonstrou KURT GÖDEL, pela sua impossibilidade. Outro paradoxo repousa na tentativa de estabelecer uma teoria de Tudo, ao procurar compatibilizar as quatro forças que moldam a realidade, a nuclear forte, a nuclear fraca, o eletromagnetismo e a força da gravidade. Não obstante, uma teoria única de tudo só se encontrará em nível espiritual, virtual.

Outra dificuldade racional diz respeito às provas da existência de DEUS, sendo que podemos abordá-las de forma a priori ou a posteriori, como fizeram STO ANSELMO e STO TOMÁS DE AQUINO, respectivamente. Na verdade, Deus não necessita de prova racional para nos indicar Sua Presença. Basta-nos apenas crê-Lo pela fé, como fez KANT, a partir da fragilidade da existência.

Quanto ao sentimento, o Espírito impregna nossa consciência do que é melhor ou pior, tendo por base nossa concepção de valores, enchendo-nos de inspiração na prática do Bem, que, segundo PLATÃO, constitui o fundamento para a existência do Universo e de nossa própria vida. Tudo existe para que o Bem seja praticado, não havendo a explicitação de nenhum mal em tudo que nos atinge, nem mesmo a morte. Nosso destino é sermos felizes, como sustentam todas as religiões.

Finalmente, a liberdade constitui a própria essência do Espírito, que cria a diversidade como um atributo inerente ao processo criador, permitindo assim que aflorem experiências inovadoras na sucessão das gerações. Há limites para o exercício das liberdades, cabendo a cada um que as usufrui, ter o devido discernimento de estar escolhendo o melhor, para que assim não venha a nos prejudicar ou a outras pessoas. A liberdade é um atributo sagrado permitido por DEUS em nossa vida, mas que, infelizmente, não temos sabido como usá-la com prudência, pois há limites a serem respeitados em seu uso, para o nosso próprio bem.