Céu de estrelas, altar de Deus

Contemplar o céu noturno entremeado de estrelas é um privilégio que qualquer um pode desfrutar, bastando que deixe aberta uma janela de seus aposentos. Ora, tal circunstância nos indica que a escuridão da noite foi-nos agraciada pelo Criador com um espetáculo para demonstrar-nos  Sua grandeza, como uma dádiva de Sua benevolência.

Não foi à toa que ARISTÓTELES em sua cosmologia, ao se admirar com o espetáculo, igualou-o a um lugar sagrado, ausente da corrupção e da mudança, como uma morada dos deuses. Não obstante, o seu desmentido vem apenas confirmar como as aparências são apenas reais através de nossas convicções, não constituindo nenhuma novidade. Contudo, elas não deixam de significar um espetáculo digno de admiração.

Por isso, não convém perder o despertar mágico de nossas impressões imediatas, a singeleza que nos apresenta o céu estrelado, e, neste caso, a mais conveniente forma de apreciá-la seria a linguagem poética que OLAVO BILAC (1865/1918) bem declinou:

Ora direis ouvir estrelas! Certo,
Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite,
Enquanto a Via Láctea, como um pálio aberto
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto
Direis agora, “Tresloucado amigo”!
Que conversas com elas? Que sentido (…)

GUILLERMO GONZALEZ e JAY W. RICHARDS em sua obra The Privileged Planet (Washington DC. Regnery 2004, pg 335) assim se manifestaram: “E, no entanto, quando contemplamos o céu além de nosso pequeno oásis, não olhamos para dentro de um abismo sem significado, mas para uma maravilhosa arena proporcional à nossa capacidade de descoberta. Talvez tenhamos contemplado um sinal cósmico muito mais significativo do que qualquer mera sequência de números, um sinal que revela um Universo tão habilmente criado para a vida e a descoberta que parece sussurrar sobre uma inteligência extraterrestre, imensamente mais vasta, mais antiga e mais magnífica do que qualquer coisa que estivéssemos dispostos a esperar ou imaginar”.