O daimon socrático

O pensador alemão GOETHE (1749/1832) declara: “o demônico se manifesta das mais variadas maneiras em toda a Natureza, seja ela visível ou invisível”. O demônico se diferencia do demoníaco, por estar relacionado ao sagrado ou a ideia de que há, implícito em nós, um Espírito  nos orientando constantemente na prática do bem. Ao contrário, o demoníaco se refere à prática da maldade humana, na sua perversidade destruidora.

Esta situação demoníaca persegue a humanidade desde o momento de seu surgimento, exigindo o resgate permanente de sua condição. É por isso que desde a mais remota antiguidade, a humanidade fez sacrifícios de animais ou seres humanos para aplacar a ira dos deuses desgostosos com os resultados de sua criação.

O episódio bíblico do Antigo Testamento no relato ocorrido entre Abraão e Javeh, no qual Ele solicita o sacrifício de seu filho Isac representa o fim dos sacrifícios humanos como prática reparadora da condição humana dependente de Deus, como era comum entre muitos povos antigos. Não obstante, o arquétipo do sacrifício permanece constante no subconsciente humano, demonizando a realidade dos crentes.

Dessa forma, o ocorrido no sacrifício de CRISTO representa o ápice de uma ruptura na cultura do judaísmo, pois significou algo que ela deveria ter recebido como um caminho natural em sua evolução. Porém, não foi o que ocorreu, devido a condições históricas apenas explicáveis pelas influências demônicas, que não permitem descanso em suas aflições.

O impasse que permanece tem sido causa de muito sofrimento pelo povo judeu, desde o holocausto durante a segunda guerra mundial, até os dias atuais, no conflito árabe-israelense, envolvendo um ódio permanente,  cuja história nos indica não ter fim. Dessa forma, vê-se o povo israelense submerso numa atmosfera de competição e liderança não compatíveis com os ideais de uma paz mundial. Reconciliar-se com o Cristianismo representa o caminho natural de sua pacificação. Não obstante, quando isto acontecerá?

Enquanto aguarda, o mundo ocidental tem optado, desde o fim da Idade Média, por uma religião do progresso, mais consentânea com sua espiritualidade, o que contribui bastante para a prática da tolerância e da paz e com isso conservando o verdadeiro sentido  histórico da redenção de CRISTO.