Todos nascemos para ser felizes, apesar de todas as limitações que tenhamos de enfrentar em nosso viver, usufruindo dos momentos de felicidade, que são muitos. Acontece que a cultura humana ainda não encontrou um modus vivendi adequado para alcançar tamanha ventura (cfr. DALAI LAMA, A Arte da Felicidade. SP, Ed Martins Fontes,2003).  Dessa forma, precisamos contribuir para alterar tamanho descaso com a felicidade nossa e dos demais.

Ora, na multiplicidade de motivos que cada um considera como causadores de felicidade, importa selecionar aqueles que não sejam apenas egoístas, pois entre eles há uma diferença de alcance que precisamos aprender a considerar. Por isso, a conquista da felicidade não se torna uma coisa fácil, nos exigindo a renúncia de muitas coisas que nos pareçam ilusórias.

Em complemento, precisamos estar conscientes de que conquistar a felicidade é estar de posse de um estado de espírito otimista em relação a tudo que nos afeta, um sentimento de fé que nos assegura que nascemos para realizar coisas boas, aceitando com alegria nossa condição natural, nunca desistindo de um desejo pertinaz de superação. Isto será a demonstração de que a vida, para mim, representa alguns desafios a serem superados, dependendo apenas de esforços em vivenciá-los.

Para tanto, a espiritualidade é um valioso auxiliar na conquista da felicidade, por nos oferecer uma resposta adequada para o sentido da vida, sem o qual ficamos a mercê da inutilidade do viver. A espiritualidade dá sentido ao sofrimento, condição de nosso corpo material, mas que tem em si um propósito de redenção, não sendo, portanto, apenas um desejo masoquista.

Ser feliz com o sofrimento só tem sentido dentro de uma perspectiva cristã, não sendo justificável nem mesmo a partir de uma filosofia estoica, que propugna apenas tolerar o sofrimento com naturalidade, com resignação e indiferença.

Ser feliz é, portanto, a vivência de uma realidade mística, dentro de uma tolerância humilde a tudo que nos possa atingir, compreendendo que nosso nascimento tem um sentido transcendente, pela Vontade de um Poder que nos fez nascer. Para tanto, será necessário superarmos o materialismo dominante em nossa cultura letrada, o demônio do ateísmo.