O espírito: objeto de ciência?

De início, devemos considerar a distinção entre ciência no sentido em que os cientistas a concebem, como uma atividade restrita em laboratório, obtendo a comprovação de suas hipóteses. Não obstante, há também uma concepção mais ampla, baseada no fato de que ciência quer dizer conhecimento, obtido por meio de qualquer observação e coerente aos pressupostos de nossa racionalidade espontânea.

Ainda mais, importa reconhecer que o conhecimento científico sofre muitas limitações, que resultam de sua impossibilidade em desvendar grande parcela das maravilhas que o Universo nos oferece: Ele é eterno?  Qual  é a nossa importância dentro dele? Ele é autoconsciente?

Dada a amplitude e a variedade dos problemas criados pela nossa curiosidade, podemos verificar que é preconceituosa a posição que considera ciência apenas o que se processa em laboratórios. Nesse sentido, no que se refere ao conceito de espírito, podemos considerá-lo como adequado a uma apreciação científica, porque inserido em nossa realidade psíquica tanto subjetiva, como objetiva ou absoluta, da forma como dispôs HEGEL no século XIX  (Cfr RALF LUDWIG, Fenomenologia do Espírito. Petrópolis, Ed Vozes, 1997).

Na continuidade, importaria reconhecer como podemos abordar a existência do Espírito, a partir de suas características fundamentais em nossas condições humanas, que são nossa criatividade (real ou imaginária), nossa racionalidade (prática ou científica), nosso sentimento (valores morais ou deméritos) e, por fim, nossa liberdade (livre arbítrio ou condicionamento).

Ora, o espírito é o que há de mais real em nosso ser, por condicionar nossas vivências de uma forma integral, a marca de uma personalidade que se coloca concreta e também simbolicamente em nosso ser, abrindo um caudal de opções inimagináveis como dependentes apenas de nosso corpo, limitado que é em sua pura materialidade. Da mesma forma, conceber o espírito como indutor a partir do comportamento de nossas células representa apenas um acréscimo em Sua importância imanente.

Em acréscimo, o Espírito é eterno em seus desdobramentos, por criar ideias etéreas em nossa mente, colocando-as acima do tempo e do espaço, sugerindo-nos uma imortalidade consentânea aos seus efeitos, apesar do término físico de nossos corpos, conforme nos assegura a religião cristã.  Aqui, o tempo nada representa, pois é produto da transcendência própria do  Espírito.